sábado, 2 de julho de 2011

NADA TE PERTURBE


            A possibilidade de nos decepcionarmos aumenta quando nos acontece algo que não esperamos e, mais ainda, quando a decepção tem por origem pessoas ou estruturas em quem creditamos amizade e apreço. É, contudo, grave engano depositar toda a reserva de confiança nos homens. Somos fracos e, tanto eu quanto você, caro leitor, podemos incorrer no lastimável no lamentável erro de não esperar maldade dos outros.
            A Sagrada Escritura, manual de vida eterna, nos alerta: “maldito o homem que confia noutro homem”. Este trecho pode ser encontrado no livro do profeta Jeremias, homem que, pregando a palavra de Deus para os seus, sofreu não poucas incompreensões. Foi condenado a morrer numa fossa cheia; conseguiu escapar e, para não ser morto, fugiu para o Egito. Continua o profeta: “bendito o homem que confia no Senhor”.
            O homem é somente criatura e, por isso mesmo, imperfeito. Não pode em hipótese alguma ser colocado no lugar do Criador. Aquele, limitado, Este, infinito, pleno. O homem, somente criatura, Deus, o Criador da criatura. Trocar uma pelo Outro consiste em pecar.
            O salmista, em belo hino assim proclama: “os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, firme para sempre. Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o Senhor, em derredor do seu povo, desde agora e para sempre”. Jerusalém é uma cidade plantada no alto de um monte, o Sião, a 800mt de altura acima do nível do mar. Em redor dele, como que lhe defendendo, muitos outros. Quem confia em Deus, é por Ele protegido, da mesma forma que Sião.
            Cristo, no seu Santo Evangelho, “notícia boa” para o homem, apaziguando o nosso coração, convidou-nos a ter “fé em Deus”, e a ter fé nEle também. São Paulo, fazendo eco ao Evangelho, pergunta se Ele é por nós, quem será contra nós? O vento, a tempestade, a guerra, o frio, a espada, a nudez, os invejosos, os que querem nos destruir? Nada nem ninguém.
            A grande Teresa d’Ávila, em poema monumental, sintetiza: “nada te perturbe, nada te espante, a paciência tudo alcança, quem a Deus tem nada lhe falta, só Deus basta”. Esta mesma santa, noutro lugar, disse: “antes de dar a dor, Deus dá a paciência”.
            Paciência para suportar a pequenez e a mesquinhez, a inveja e a soberba, o orgulho e a prepotência alheias, enfim, todas as misérias humanas que somente nos levam à decepção. Misérias que nos fazem concluir: são apenas homens, nada mais que isto.

Renato Moreira de Abrantes

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