domingo, 10 de julho de 2011

LISTA DOS AGENTES PASTORAIS, BISPOS, SACERDOTES, RELIGIOSOS, RELIGIOSAS E LEIGOS ASSASINADOS EM 2010


Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Como sempre, no final do ano, a Agência Fides publica uma lista dos agentes pastorais que perderam a vida de modo violento ao longo dos últimos 12 meses. Segundo os nossos dados, foram assassinados 25 agentes pastorais em 2010: 1 Bispo, 17 sacerdotes, 1 religioso, 1 religiosa, 2 seminaristas e 3 leigos.

Analisando a lista por continente, ainda este ano com um número extremamente elevado, consta em primeiro lugar a AMÉRICA, banhada pelo sangue de 17 agentes pastorais: 12 sacerdotes, 1 religioso, 1 seminarista, 3 leigos. Segue a ÁSIA, com 1 Bispo, 4 sacerdotes e 1 religiosa mortos. Enfim, a ÁFRICA, onde um sacerdote e um seminarista perderam a vida de modo violento.

A conta da Fides não inclui apenas os missionários ad gentes em sentido restrito, mas todos os agentes pastorais mortos pela violência. Utilizamos o termo ‘mártires’ exclusivamente em seu significado etimológico de “testemunha”, para não entrar no mérito do juízo que a Igreja eventualmente dará eventualmente, e devido à escassez de dados recolhidos sobre suas vidas e as circunstâncias de sua morte. A este respeito, na conclusão deste ano, recordamos a abertura do processo de beatificação do sacerdote Fidei donum pe. Daniele Badiali, originário da Diocese de Faenza (Itália), assassinado em 1997 no Peru, e a beatificação do polonês pe. Jerzy Popieluszko, mártir, morto em ódio à fé aos 20 de outubro de 1984 nas redondezas de Wroclawek, na Polônia.  

O martírio é “uma forma de amor total a Deus”, se funda “na morte de Jesus, em seu sacrifício supremo de amor, consumado na cruz para que nós pudéssemos ter vida”, e a força para enfrentá-lo provém “da profunda e íntima união com Cristo, porque o martírio e a vocação ao martírio não constituem o resultado de um esforço humano, mas são a resposta a uma iniciativa e a uma chamada de Deus, são um dom da sua graça, que torna capaz de oferecer a própria vida por amor a Cristo e à Igreja, e assim ao mundo.” (Bento XVI, audiência geral 11 de agosto de 2010).

As escassas notas biográficas sobre estes irmãos e irmãs assassinados nos demonstram que ofereceram suas vidas quase sempre no silêncio e na humildade do trabalho cotidiano, “por amor a Cristo e à Igreja, e por conseguinte, ao mundo”. Seu empenho radical e total foi o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo, não apenas através das palavras, mas com o testemunho de suas vidas em situações de sofrimento, pobreza, tensão, violência... sem discriminação de algum tipo, mas com o único objetivo de tornar concreto o amor do Pai e promover o homem, criado à imagem e semelhança de Deus.

Alguns foram vítimas da violência que eles mesmo combatiam ou da disponibilidade em ajudar o próximo em humildes tarefas cotidianas, colocando a própria segurança em segundo plano. Ainda neste ano, muitos deles foram mortos em trágicas tentativas de furto ou sequestro, surpreendidos em suas casas por bandidos em busca de tesouros imaginários. Outros ainda foram eliminados apenas porque em nome de Cristo contrastavam o ódio com o amor, o desespero com a esperança, o confronto violento com o diálogo, os abusos com o direito.

“Nosso mundo continua marcado pela violência, especialmente contra os discípulos de Cristo” – disse o Papa Bento XVI (Angelus de 26 de dezembro de 2010), recordando que “a terra se manchou de sangue” em várias partes do mundo, atingindo até mesmo comunidades católicas reunidas em oração em locais de culto. A esta lista provisória, preparada anualmente pela Agência Fides, devem ser acrescentados os nomes daqueles de que jamais teremos notícia que, em cada canto do planeta, sofrem e pagam com suas vidas sua fé em Cristo. Eles são “uma nuvem de soldados desconhecidos da grande causa de Deus” - segundo a expressão do Papa João Paulo II - a quem olhamos com gratidão e veneração, mesmo sem conhecer suas faces, sem as quais a Igreja e o mundo seriam imensamente mais pobres.

PANORAMA DOS CONTINENTES

AMÉRICA   
17 agentes pastorais foram assassinados na América: 12 sacerdotes, 1 religioso, 1 seminarista, 3 leigos. 6 foram assassinados no  Brasil, 4 na Colômbia, 2 no México, 2 no Peru, e 1 na Venezuela, Haiti e Equador.

No Brasil, que registra novamente este ano o maior número de agentes pastorais assassinados, perderam a vida Pe. Dejair Gonçalves de Almeida e o leigo Epaminondas Marques da Silva, agredidos na canônica por bandidos em busca de dinheiro; Pe. Rubens Almeida Gonçalves, assassinado em sua paróquia provavelmente após uma discussão sobre o aluguel da sala paroquial; o seminarista Mario Dayvit Pinheiro Reis, assassinado por ladrões que queriam seu carro; e Pe. Bernardo Muniz Rabelo Amaral, morto por um homem a quem havia oferecido carona. Pe. Josenir Morais Santana foi atingido por um tiro enquanto viajava em seu carro, talvez disparado pela pessoa que ele ofereceu carona.
Na Colômbia, morreram Pe. Román de Jesús Zapata, à noite, na canônica de sua paróquia; Pe. Herminio Calero Alumia, morto durante uma discussão em uma blitz policial; Pe. Carlos González, diretor do Instituto Técnico San Rafael, em Manizales, foi ferido gravemente a facadas por dois jovens que queriam roubar seu carro; Luis Enrique Pineda, coadjutor salesiano, roubado e esfaqueado.
No México, morreram José Luis Parra Puerto, assassinado por homens que roubaram a van em que viajava; Pe. Carlos Salvador Wotto, encontrado vendado, amarrado com cordas, queimado por pontas de cigarro nos braços e marcado por cortes em várias partes do corpo.
No Peru, Frei Linán Ruiz Morales, OFM, e seu colaborador, Ananias Aguila, foram alvo de delinquentes que roubavam no convento: o corpo do primeiro foi encontrado em seu dormitório, completamente revirado; o segundo ao lado da Igreja, na cozinha onde se encontra o refeitório para pobres.
Na Venezuela, foi assassinado Pe. Esteban Robert Wood: o homicídio foi atribuído a um furto perpetrado por desconhecidos e terminado com o homicídio. No Equador, o corpo do missionário polonês Pe. Miroslaw Karczewski foi encontrado na canônica de sua paróquia com feridas no pescoço e em outras partes do corpo. Depois de matá-lo com um grande crucifixo, os ladrões lhe roubaram o celular e o computador. No Haiti, o agente da Caritas Julien Kénord foi morto em uma tentativa de roubo. O leigo havia acabado de trocar um cheque em uma agência bancaria quando foi agredido por tiros de arma de fogo.

ÁSIA
Em 2010, Ásia contou o homicídio de 6 agentes pastorais: 1 Bispo, 4 sacerdotes, 1 religiosa. Os crimes ocorreram no Iraque (2), China (2), Índia e Turquia.
Na Turquia, Dom Luigi Padovese, Vigário apostólico de Anatolia e Presidente da Conferência Episcopal Turca, foi assassinado a facadas por seu motorista, em sua casa em Iskenderun.
No Iraque, Pe. Wasim Sabieh e Pe. Thaier Saad Abdal foram assassinados em um atentado na Catedral sírio-católica de Bagdá que deixou dezenas de mortos e feridos entre os fiéis que estavam reunidos para a Santa Missa dominical.
Na China, Pe. Joseph Zhang Shulai, Vigário-geral da Diocese de Ningxia, e Irmã Maria Wei Yanhui, da mesma Diocese, foram mortos na Casa para idosos de Wuhai, distrito de Wuda, na Mongólia interna, por um homem que queria se vingar por ter sido demitido.
Na Índia, Pe. Peter Bombacha foi assassinado por desconhecidos no ashram por ele fundado em Baboola, a cerca de um km da residência do Bispo de Vasai, antigo centro residencial próximo de Mumbai (Índia). Seu corpo estava em um lago de sangue; foi encontrado com uma corda no pescoço e uma tesoura na garganta.

ÁFRICA
Um sacerdote e um seminarista foram assassinados na África, ambos na República Democrática do Congo. Pe. Christian Bakulene estava retornando à sua paróquia com uma amigo, no norte de Kivu, quando foram retidos e assassinados por dois homens armados e com trajes militares. O seminarista jesuíta de nacionalidade togolesa, Nicolas Eklou Komla, foi morto na periferia da capital, Kinshasa, enquanto voltava à residência de estudos com amigos. Um homem armado e com o rosto coberto os reteve, provavelmente para roubá-los, e na discussão, o bandido atirou com uma arma de fogo, matando o seminarista. 

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