quinta-feira, 28 de julho de 2011

Discurso feito em 26 de julho de 2011



          A grandeza de homem se mede pela integridade, pela coerência de vida. Pequenos são os que, como bambu, são jogados pelo vento para lá e para cá. Gigantes são os que, como a baraúna, têm raiz profundamente fixada ao solo.
            A Sagrada Escritura, em não poucas vezes, compara o forte à árvore que, plantada à beira do rio, nunca seca. Pelo contrário, permanece verde, não obstante a aridez do deserto. E, mais ainda. Darão muitos frutos, graças à água benfazeja do rio.
O profeta Ezequiel não mede palavras para elogiar esta água que nasce do Santuário do Senhor: “Ao longo das margens do rio, nascerão árvores frutíferas de todo tipo. Elas não perderão suas folhas, nem deixarão de dar fruto durante todo o ano. Produzirão seus frutos mensalmente, sem nunca falhar. A razão disso tudo são as águas que nascem debaixo do Santuário do Senhor. Os frutos dessas árvores servirão para alimentar os povos da terra; as folhas servirão como remédio para curar as pessoas” (Ez 47, 12).
            Padre Gervásio celebra hoje o seu jubileu áureo. Cinquenta anos de sacerdócio. Cinquenta anos não são cinquenta dias. É meio século.
O senhor é grande, não pelos anos que coleciona, ou pelos feitos extraordinários em favor da Igreja. Em que reside, então, a sua grandeza? Sem sombra de dúvidas, no fato de o senhor estar plantado na Eucaristia. Aos seus alunos, certa vez confidenciou que, em todo este tempo, talvez em um ou dois dias tenha deixado de celebrar a Santa Missa. Fizéssemos um cálculo, aproximadamente 20 mil missas celebradas, um só sacrifício: a morte e ressurreição de Jesus.
            A Santa Missa... mistério incompreensível de amor. Ter Deus nas mãos para, enriquecendo-se, enriquecer os outros. Ser consciente da própria finitude, para dar testemunha da infinitude de Deus. Ser um alther Christi (outro Cristo) para os homens. Embaixador de Deus perante os homens, embaixador dos homens perante Deus.
            A Eucaristia, celebrada com tanto amor por todos esses anos, o fortaleceu, o refrigerou e o tornou fecundo. Eis perante o senhor seus alunos, familiares, amigos. Eis, em muitos lugares do Brasil e do mundo, ex-alunos que, de certa forma, unem-se a nós, nesta Igreja Catedral, para agradecer a Deus o dom de seu sacerdócio e ao senhor, pela doação incondicional.
            Sim, meu caro padre, o senhor, como a árvore do deserto, plantou-se à beira do rio e em sua direção estendeu as suas raízes. E fez a escolha certa, sem nunca dela titubear. Deus lhe pague por isso! Abríssemos espaço, todos teriam uma experiência pessoal a partilhar.
Graças ao senhor, Padre Gervásio, vidas salvas, pessoas reencontraram o rumo, sacerdotes foram formados, crianças foram batizadas, pareceres dados aos Bispos de todo o Brasil, em assuntos os mais delicados. O senhor concretiza as palavras de Ezequiel, acima transpostas: Os frutos dessas árvores servirão para alimentar os povos da terra; as folhas servirão como remédio para curar as pessoas.
Obrigado, bom Deus, pela vida e pelo sacerdócio do Padre Gervásio. Eis as palavras que brotam de corações emocionados.
Obrigado, Padre Gervásio, pela generosa e alegre entrega da sua vida. Eis as palavras que brotam de corações agradecidos.
Parabéns. Nesta Eucaristia celebrada, com o senhor, queremos nos plantar à beira do rio que nunca seca e que alimenta a vida de cada um de nós.

Renato Moreira de Abrantes

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