Apenas
esta semana tive aceso a um documento, datado no Vaticano, aos 12 de outubro de
2012. O brasão de armas é da Secretaria de Estado de Sua Santidade, o atual
papa emérito, Bento XVI, e, originalmente, traz os seguintes dizeres:
“Summvs Pontifex Benedictvs
XVI inter svos Cappellanos adlegit Reverendvm Dominvm Gervasivm
Fernandes de Queiroga e Diocesis Cajazeirasensis Ex aedibus Vaticnis,
die XII mensis Octobris, anno MMXII”
Permitam-me
uma caseira tradução: “O Sumo Pontífice, Bento XVI, elegeu entre os seus
Capelões o Reverendo Senhor Gervásio Fernandes de Queiroga, da Diocese de
Cajazeiras. Dado no Vaticano, no dia 12 de outubro do ano de 2012.
Trata-se
da escolha para capelão pessoal que o papa Bento XVI fez do Pe. Gervásio
Fernandes de Queiroga, que, agora, passa a ser “monsenhor”. Isto não o torna
superior hierarquicamente a nenhum outro sacerdote, mas significa
reconhecimento, por parte da Igreja, àquele que, ao longo da vida (em 2014, 80
anos), se destacou pelo serviço prestado aos outros e pela dedicação à causa
missionária, dos pobres e do Reino de Deus.
Lamentavelmente,
esta justa homenagem não foi requerida ao Vaticano pela sua amada Diocese de
Cajazeiras, a quem o Mons. Gervásio serve há mais de seis décadas, mas, sim,
pelo Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Arcebispo de
Aparecida, Dom Raymundo de Assis Cardeal Damasceno, ex-colega em tempos romanos
e amigo pessoal.
A
escolha do papa é, para nós, causa de grande alegria e edificação.
Alegria
porque a homenagem é justa. Vida longa permeada de inúmeros serviços à Igreja
Católica no Brasil, incluindo, entre tantos, alguns de grande responsabilidade,
como a tradução do atual Código de Direito Canônico do latim para o português,
quando de sua promulgação, em 1983, a redação, para aprovação dos senhores
Bispos, do atual Estatuto Jurídico-Canônico da CNBB, a participação ativa nos
debates e trabalhos referentes ao Acordo Igreja-Estado (Decreto nº 7.107/2010)
e a fundação da Sociedade Missionária para a Evangelização dos Pobres.
Edificação
porque, enquanto muitos fazem questão de arvorar-se num título que, atualmente,
nenhuma regalia traz (a não ser o “monsenhor” na frente do nome), mesmo sem
serem, o Mons. Gervásio decidiu manter-se em silêncio.
Parabéns,
Monsenhor Gervásio. Mesmo em silêncio o senhor continua a nos educar.
Ad
multos annos
Renato M. de Abrantes
Advogado e procurador da Faculdade Católica Rainha do Sertão