sábado, 1 de outubro de 2011

Um nome escrito no céu


O pai, Luis Martin, passeava com a caçula, a sua “rainha”. De repente, Teresa exclama extasiada, apontando o céu pontilhado de estrelas: “olhe papai! Olhe depressa! Há um “T” no céu. Deve simbolizar Teresa. Meu nome está escrito no céu!” Era a primeira vez que ela contemplava a constelação de Órion, cintilando no céu da Normandia, França. Morta a 30 de setembro de 1897, hoje é ela quem reluz, qual fulgurante estrela, no belo firmamento dos santos.
Um dos aspectos mais interessantes da curta vida de Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face – vinte e quatro anos, sendo nove passados no Carmelo de Lisieux – é que não deixou transparecer que seria lembrada depois de morta. Nada fez para ser importante ou deixar aparentes e extraordinárias marcas na nossa humana história. Não conheceu mais do que cinqüenta pessoas, entre parentes, amigos e alguns sacerdotes. Nunca se projetou em seus trabalhos, fazia questão de ser ignorada, até mesmo em seu pequeno mosteiro; realizava tudo com escondida simplicidade. No seu enterro não havia uma dúzia de pessoas. No entanto, no dizer de Pio XI, que a beatificou, canonizou e fez dela a Estrela do seu Pontificado, ela tornou-se a “Menina querida do mundo inteiro”, um “furacão de glória”; anteriormente, Pio X dela havia afirmado: “a maior santa dos tempos modernos”.
Paradoxo à primeira vista, mas num debruçar-se mais atento sobre sua vida, descobrimos o seu segredo: de um modo original, correu velozmente no caminho da caridade. E isto a fez vivenciar um amor apaixonado e incondicional por Deus; fez a experiência pessoal da salvação; descobriu a felicidade no sofrimento, sem ranço algum de neurose; e que “o amor tira proveito de tudo”, sempre se deixando conduzir pelo Espírito – no mais das vezes –, em meio à aridez e dúvidas de fé. 
A tudo isto, chamou de “Pequena Via”, indicando o caminho da infância espiritual, como o jeito que encontrou para corresponder sempre ao amor misericordioso e fiel de Deus e nele amar os irmãos e irmãs, fazendo com que o Amor seja amado. Eis o seu programa em vida e o que tem feito desde o seu derradeiro dia nesta terra, desde aquele entardecer de setembro de 1897. Assim, compreende-se também o seu maravilhoso poder intercessor, cumprindo com presteza a sua promessa: “Depois da minha morte, farei cair uma chuva de rosas”. Eu ouso afirmar: uma torrente!
Mas, tenho para comigo que, o mais belo de sua eficaz influência, não é tanto os milagres e graças incontáveis que, com prodigalidade, alcança do Pai, antes, creio, é a sua sensível ação na vida de todos os que se colocam em sua Escola, para melhor serem discípulos do Mestre Jesus, é a transformação silenciosa, mas real, dos corações na cristã conversão de cada dia.
Não é à toa que a Igreja, após longo e minucioso exame de sua doutrina, a declarou, em 19 de outubro de l997, nos 100 anos de sua santa morte, Doutora da Igreja, isto é, a sua doutrina e espiritualidade são fontes cristalinas e perenes onde os cristãos podem saciar-se para melhor seguirem Jesus Cristo e o seu Evangelho.
Todos podem acorrer a ela: os crentes ou não, os que crêem de modo diverso, os vacilantes na fé, os cambaleantes nas virtudes, os que fraquejam na vocação, os sem força e coragem, os pequenos e oprimidos, os sem voz e vez, os doentes no corpo, na alma e na psique, a criança, o jovem e o adulto. A cada um, cada uma, ela acolhe, ama, e ouve as suas necessidades, conosco se identificando, pois, como Jesus, senta-se à nossa mesa de pecadores.
Por isso mesmo, lhe dizemos confiantes: Teresa jovem, Teresa mulher, Teresa transbordante de amor, Teresa da Pequena Via, Teresa das Missões, Teresa Doutora da Igreja, Irmã Teresa, Santa Teresa, roga por nós para sermos sempre mais seguidores fiéis de Jesus, o Cristo Senhor, para a glória do Pai. (José Eduardo Sesso é padre da Diocese de Piracicaba-SP).


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